PENSAMENTOS E FRASES

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe."

(Jean Piaget)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SIMBOLISMO

SIMBOLISMO

O impressionismo foi, acima de tudo, a tentativa de integras a arte num mundo em que a multiplicidade de informações e imagens era cada vez maior, por meio da exploração de todos os efeitos visuais que o homem pudesse captar. Alguns artistas, entretanto, pretenderam desenvolver as conquistas impressionistas, acrescentando-lhes a representação do que há de irracional e espiritual no ser humano. Mais uma vez o subjetivo e o enigmático entram em cena: começa a fase dos simbolistas.
No dizer de sues adeptos, simbolismo seria a arte baseada na representação das imagens do mundo das ideias.
Eles propõem uma expressão, na pintura, que corresponda à usada na linguagem, ou seja, livre para misturar o concreto e o abstrato, o material e o ideal dentro de um todo único. Para os simbolistas, definir de forma absoluta o abjeto é destruir o prazer do conhecimento gradativo e intuitivo de sua verdadeira natureza. As coisas devem, portanto, ser apresentadas não através de uma nomeação direta e definitiva, mas por meio de símbolos. Pois o símbolo é, em si mesmo, inesgotável. (Arte dos Séculos. São Paulo: Abril Cultural, 1971. Fascículo 83).

O mundo fora dos eixos
O simbolismo reflete um momento histórico extremamente complexo, marcando a transição para o século XX e a definição de um novo mundo, que se consolidaria a partir da segunda década desse século; basta lembrar que as últimas manifestações simbolistas e as primeiras produções de vanguardas modernistas são contemporâneas da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa.
Nas duas últimas décadas do século XIX, já se percebe, em boa parte dos autores realistas, uma postura de desilusão e mesmo de frustração em consequência das Infrutíferas tentativas de transformar a sociedade industrial. O crítico Alfredo Bosi sintetiza esse clima:
Do âmago da inteligência europeia surge uma oposição vigorosa ao triunfo da coisa e do fato sobre o sujeito – aquele sujeito a quem o otimismo do século prometera o paraíso mas não dera senão um purgatório de contrastes e frustrações.
O artista, oprimido pelo mundo material, vê-se abalado em meio a crises existenciais. Impotente para modificar o mundo exterior, a tendência natural é negá-lo e voltar-se para a realidade subjetiva. Assim, as tendências espiritualistas renascem; o subconsciente e inconsciente são valorizados, segundo a lição freudiana. O Crítico Henri Peyre afirma:
A literatura simbolista dos dois últimos decênios do século XIX prezou tudo o que era langor, cansaço de viver, isolamento de um público que ela queria manter afastado de seus arcanos, oposição à civilização tecnológica acusada de materialista.
Na Europa, as origens do Simbolismo devem ser buscadas na França, com a publicação de As flores do mal, de Baudelaire, em 1857. A denominação foi usada pela primeira vez por Jean Moréas, em 1886, em seu manifesto literário no FÍGARO LITTÉRAIRE, quando afirmou:
Inimiga do ensinamento, da declamação, da falsa sensibilidade, da descrição objetiva, a poesia simbolista procura vestir a Ideia de uma forma sensível.

Três grande poetas simbolistas da Europa: Stéphane Mallarmé, Paul Verlaine, Arthur Rimbaud.

O SIMBOLISMO NO BRASIL
Os marcos
NO Brasil, duas publicações de 1983, ambas de Cruz e Sousa, são consideradas o marco inicial da estética simbolista: Missal, com seus textos, e Broquéis, com seus poemas. Estende-se até o ano de 1922, data da semana de Arte Moderna.
O Início do Simbolismo não pode, no entanto, ser identificado com o término da escola antecedente, o Realismo. Na realidade, no final do século XIX e início do século XX três tendências caminhavam paralelamente: O Realismo e suas manifestações (romance realista, romance naturalista, e poesia parnasiana); O Simbolismo, situado à margem da literatura acadêmica da época; o Pré-Modernismo, com o aparecimento de alguns autores preocupados em denunciar a realidade brasileira, como Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, entre outros.
Só mesmo um movimento com amplitude da Semana de Arte Moderna poderia neutralizar todas essas estéticas e traçar novos e definitivos rumos para a nossa literatura.

Veja a linha do tempo literária:
                                                                                      
                                                                                 Três tendências caminham paralelamente
                                                                    Realismo (suas vertentes) / Simbolismo / Pré-modernismo


               1836                                                                                                                                      1922
 



   Romantismo                  Realismo – Naturalismo – Parnasianismo                    Semana de Arte Moderna
      1836                                                 1881
                                                                                       Simbolismo               Pré-Modernismo
                                                                                          1893                              1902

Principais características da estética simbolista
F A estética rejeita o cientificismo, o materialismo, o racionalismo, valorizando, em contrapartida, as manifestações metafísicas e espirituais.
F O artista simbolista volta-se para uma realidade subjetiva.
F Sublimação: a oposição entre matéria e espírito, a purificação, por meio da qual o espírito atinge as regiões etéreas, o espaço infinito.
F Os simbolistas buscam a essência do ser humano, aquilo que ele tem de mais profundo e universal – a alma, que só se liberta quando se rompe corretes que a aprisionam ao corpo, ou seja, com morte.
F Valorização do inconsciente e do subconsciente, dos estados d’alma, da busca do vago, do diáfano, do sonho e da loucura.
F Linguagem carregada de símbolos (o trópos, isto é, o “desvio”, a mudança de significado de uma palavra ou expressão), em clara oposição a uma linguagem literária mais seca e impessoal. “Sugerir, eis o símbolo” era a palavra de ordem dos poetas ismbolistas.
F Emprego de figuras como sinestesia e aliteração.
F Musicalidade: “A música acima de tudo” – Paul Verlaine.

EXERCÌCIOS
1ª Questão – (UFF – RJ) Os fragmentos abaixo situam os fundamentos teórico e filosófico de distintas correntes literárias e sua expressão no Brasil, enfatizando determinadas visões de mundo. Identifique as correntes literárias.

TEXTO A

O impacto das novas ideias, surgidas na transformação social dos fins do século XIX, foi profundo na mentalidade brasileira e teve seu papel cujo alcance não foi ainda suficientemente analisado. Ao influxo do positivismo, do evolucionismo, do darwinismo, e de tantos outros caminhos abertos ao pensamento, certos ou errados, fecundos ou infecundos, a torina do trabalho mental, entre nós, sofre uma brecha, abre-se inteiramente, desarticula-se.
Nelson Werneck Sodré
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TEXTO B

Ao final do século XIX, ao mesmo tempo em que [essa escola literária] ia conhecendo um certo desencanto em relação aos resultados sociais e humanos da pesquisa científica, desencanto que sucedeu ao prestígio do evolucionismo, do determinismo e do positivismo, assistiu a uma restauração dos valores espirituais e emocionais. Na onda deste movimento [surge] reação espiritualista ao materialismo então dominante.
José Luís Jobim e Roberto Acízeto.
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2ª Questão – (Unifap)

O verso é apenas uma formula
pálida e imprecisa
Não diz do intraduzível sentimento
da realidade latente e obsessiva
do espírito intangível
Irrelevado e esquivo
Que há em mim

NO trecho do poema “Segredo”, observa-se que a linguagem utilizada por Álvaro Cunha remete a um movimento estético-literário que valoriza a teoria das correspondências. Diante dessa afirmativa, responda as questões com convicção.

Identifique esse estilo literário. Justifique a sua escolha com duas expressões do poema.
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3ª Questão – (FGV-SP) – Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do Simbolismo.

(A)       Utiliza o valor sugestivo da música e da cor.
(B)       Dá ênfase à imaginação e à fantasia.
(C)      Procura a representação da realidade do subconsciente.
(D)      É uma atitude objetiva, em oposição ao subjetivismo dos parnasianos.
(E)       No Brasil, produziu, entre outras, a poesia de Cruz e Sousa e, em Portugal, a de Antônio Nobre.


4ª Questão – (PUC-PR) – Medeiros e Albuquerque (poeta pernambucao, 1867-1934), anunciando o Simbolismo, escreveu:

Pode a Música somente
Do Verso nas finas teias
conservar no tom fluente
tênue fantasma de ideias;
que importa a Ideia, contanto
que vibre a Forma sonora,
se da Harmonia do canto
vaga ilusão se evapora?

Nos versos lidos, o poeta defendendo valores simbolistas. Aponte a alternativa CORRETA que discrimina esses valores.

(A)       Imprecisão das ideias, verso fácil e fluente, musicalidade.
(B)       Musicalidade, pensamento esquisito, fluidez e formalismo.
(C)      Harmonia forma-conteúdo, imprecisão, verso sem rimas nem ideias fixas.
(D)      Sonoridade, ideias sobrenaturais, despreocupação com o sentido das palavras.
(E)       Sobrevalorização da sonoridade, musicalidade, sobreposição da forma à ideia.


5ª Questão – (VUNESP) – Assinale a alternativa em que se caracteriza a estética simbolista.

(A)       Culto do contraste, que opõe elementos como amor e sofrimento, vida e morte, razão e fé, numa tentativa de conciliar polos antagônicos.
(B)       Busca do equilíbrio e da simplicidade dos modelos Greco-romanos, através, sobretudo, de uma linguagem simples, porém, nobre.
(C)      Culto do sentimento nativista, que faz do homem primitivo e sua civilização um símbolo de independência espiritual, política, social e literária.
(D)      Exploração dos ecos, assonância, aliteração, numa tentativa de valorizar a sonoridade da linguagem, aproximando-a da música.
(E)       Preocupação com a perfeição formal, sobretudo com o vocabulário carregado de termos científicos, o que revela a objetividade do poeta.

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