PENSAMENTOS E FRASES

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe."

(Jean Piaget)

domingo, 10 de abril de 2011

PARNASIANISMO

PARNASIANISMO

O Início do período republicano no Brasil foi marcado, notadamente na arquitetura, pela herança do estilo clássico. Já no início do século XX, outros estilos foram sendo incorporados, resultando no ecletismo (um “estilo” proveniente da mistura de outros, que se desenvolveu na Europa em meados do século XIX, como tentativa de resolver um impasse consequente de uma batalha de expressões artísticas). Na origem, o ecletismo conciliou características clássicas com características medievalizantes, como o neogótico romântico; com o tempo, o termo ecletismo passou a denominar, principalmente na arquitetura, qualquer conciliação de estilos distintos.
O processo burguês industrial evoluía a passos largos, gerando a luta de grandes potências pelos mercados consumidores e fornecedores de matéria-prima. A unificação da Alemanha (1870) e da Itália (1871) alavancou o processo de industrialização desses países (chamados países do capitalismo tardio) e os colocou na disputa por novos mercados. Por esses motivos, a África se fragmentou e ampliaram-se as influências sobre os territórios asiáticos; desenvolveu-se, assim, a política do neocolonianismo (na África) e do imperialismo (na Ásia) e tomou corpo o fantasma de uma guerra envolvendo os países europeus.
Em consequência ocorreram duas situações distintas:
- De um lado, havia um clima de euforia motivado pelo progresso industrial e pela expansão do capitalismo, pelo aumento do consumo, pela moderna urbanização (Paris tornou-se símbolo desse novo mundo); era a consagração das soluções racionalistas e a vitória definitiva do pensamento científico, que sustentavam o avanço tecnológico (essa agitação, eufórica da sociedade burguesa seria batizada, no início do século de belle époque).
- De outro, reinava um clima de insatisfação, insegurança e pessimismo motivado pelo acirramento dos conflitos sociais; o mesmo progresso industrial que levava ao consumismo criava massas de excluídos; o movimento operário se organizou, eclodiram greves. Parte da intelectualidade começou a questionar o “paraíso” prometido pela Revolução Industrial e a crença de que a Razão e a Ciência teriam resposta para tudo.
Refletindo essa ambiguidade, a literatura, particularmente a poesia, percorreu diferentes caminhos, daí o resultando os movimentos parnasiano e simbolista.

O culto a forma
O estilo poético marcou a elite literária brasileira do fim do século XIX (entre os fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897, a maioria dos poetas se filiava ao Parnasianismo) apresenta nítida Influência francesa, como se percebe na própria denominação do movimento, que não passava de uma alusão às antologias publicadas na França com o título Parnasse contemporai (Em 1866, 1871 e 1876).
A principal característica da poesia parnasiana é a valorização da forma (o soneto, a métrica, a rima), o culto da arte pela arte, como bem define Olavo Bilac:

Profissão de Fé

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto-relevo
Faz uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como AM prata firme
Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

E que a lavor do verso, acaso,
Por tão sutil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo,
O pensamento.
Porque escrever – tanta perícia,
Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!

Celebrarei o teu ofício
No altar: porém,
Se inda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!

Caia eu também, sem esperança,
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!



Vocabulário:


Profissão de fé: declaração pública de uma crença; no caso, de um conceito sobre poesia.


Ourives: aquele que trabalha com ouro (joalheiro)
Carrara: cidade italiana famosa pela qualidade de seu mármore
ônix: pedra preciosa
cinzel: instrumento de aço, cortante, usado por escultores e joalheiros
verso de ouro: último verso de cada estrofe
Rubim: variante, por nasalação, de rubi
Oficina: aqui, local de trabalho do poeta/ourives
Becerril: artesão romano
Deusa Serena, Serena Forma: a divinização da forma como objetivo da postura do poeta parnasiano, da sua fé. Nas útlima estrofes, o trabalho do poeta é visto como um sacrifício religioso.

Principais características da poética parnasiana

A poética parnasiana baseia-se no binômio objetividade temática/culto da forma, numa postura totalmente antirromântica.
Perfeição formal: forma fixa de sonetos, versos alexandrinos (doze sílabas poética) e decassílabos perfeitos, rima rica, rara e perfeita.
A objetividade temática surge como negação do sentimentalismo romântico, numa tentativa de atingir a impassibilidade e a impessoalidade.
Opunha ao subjetivismo decadente o universalismo – daí resulta numa poesia carregada de descrições objetivas e impessoais.
Retomada dos conceitos da Antiguidade clássica: racionalismo e forma perfeitas.
Poesia de meditação; filosófica, mas artificial.

Parnasianismo – ERA DAS CÚPULAS.

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