|
Refere-se ao texto
visto como uma seqüência de atos de fala. Para haver coerência nesta seqüência,
é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada
interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte.
Quando uma pessoa faz uma pergunta a outra, a resposta pode se manifestar por
meio de uma afirmação, de outra pergunta, de uma promessa, de uma negação.
Qualquer uma dessa seqüências seria considerada coerente. Por outro lado, se o
interlocutor não responder, virar as costas e sair andando, começar a cantar,
ou mesmo dizer algo totalmente desconectado do tema da pergunta, estas
seqüências seriam consideradas incoerentes. Exemplo:
A: Você
pode me dizer onde fica a Rua Alice?
B: O ônibus está muito atrasado hoje. |
Piadas podem ser
elaboradas a partir de incoerências:
No
balcão da companhia aérea, o viajante perguntou à atendente:
A - A senhorita pode me dizer quanto tempo dura o vôo do Rio a Lisboa? B - Um momentinho. A - Muito obrigado. |
Para quem fez a
pergunta, não pareceu nem um pouco incoerente a resposta obtida. Entretanto, a
frase de B não é a resposta, é simplesmente um pedido de tempo para depois dar
atenção ao interlocutor A. Nós é que percebemos a incoerência da seqüência e
tomamos o conjunto como uma piada.
Há ainda incoerências
geradas a partir da desobediência a articulações de conteúdo. Se você ouvir a
frase Meu irmão é filho único pode pensar que quem a
pronunciou desconhece o sentido dos vocábulos usados, pois a seqüência contém
uma contradição. O sentido de irmão inclui o fato de que esse
indivíduo tem, pelo menos, uma irmã ou irmão.
E um último exemplo
pode ser esta frase, ouvida recentemente em um programa de televisão: "Me
inclui fora dessa." Parece que o emissor não conhece o sentido do
verboincluir, que certamente não pode ocorrer combinado com fora. Ou
então, usa expressamente o advérbio fora para explicar sua intenção de não ser incluído em
algum projeto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário